Desde que anunciei a amigos próximos minha intenção de disputar as eleições deste ano com vistas a retornar à Câmara Legislativa tenho sido bombardeada por questionamentos dessa ordem: por que voltar a uma instituição tão desmoralizada e desacreditada pela população? Por que não seguir dando minha contribuição ao sucesso dos programas sociais do Governo Lula? (Para o qual tive a honra de contribuir, como Secretária-Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
Minha resposta tem várias partes. Todas do mesmo lado: o lado de Brasília. O lado dessa cidade que acolheu a doçura de minha juventude, onde me fiz mulher, médica e lutadora por um Brasil socialmente justo. A cidade a partir da qual exercito meu amor por esse nosso maravilhoso País.
Tenho dito a meus generosos companheiros que a crise institucional que Brasília viveu, apesar da repulsa e desesperança que semeia na sociedade, quanto às suas instituições políticas, traz lições e oportunidades que seria um grave erro não aproveitar.
Hoje, a Câmara Legislativa do Distrito Federal tem uma péssima imagem junto à população. E não é pra menos. O escândalo revelado, no final do ano passado, pela Operação “Caixa de Pandora”, da Polícia Federal, implicou diretamente – com imagens lamentáveis e incontestáveis – três deputados distritais da base arrudista, dois dos quais renunciaram aos mandatos para fugirem da cassação e uma terceira deputada já afastada pela justiça e prestes a sofrer a perda definitiva do mandato.
Outros deputados implicados nas denúncias deverão enfrentar processo por quebra de decoro parlamentar na Casa. A justiça afastou esses deputados do julgamento do processo de cassação do mandato do ex-govenador Arruda.
Diante do monumental esquema de corrupção montado no DF,muitos companheiros passaram a concordar com o Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Gurgel, que propôs a intervenção federal, como o único remédio constitucional para o descalabro da situação.
Defendi, desde o início, que enquanto houvesse uma perspectiva, a menor que fosse, de conseguirmos superar essa crise sem apelar ao remédio amargo da intervenção federal, ela deveria ser tentada.
Muitos me questionaram se não seria melhor apoiar a intervenção. Afinal, a situação era mesmo gravíssima e o Presidente Lula teria todas as condições de conduzir esse processo de forma a reconduzir o DF à normalidade democrática.
O motivo de minha posição é que lutamos muito, desde a ditadura, para conquistar a cidadania plena para o povo de Brasília. Cidadania que se expressasse não apenas na possibilidade de escolhermos diretamente nosso Presidente, mas também nosso Governador e representantes legislativos.
Essa campanha, que tive a honra de integrar, à frente do meu partido, no DF, resultou na conquista, inscrita na Constituição Federal, em 1988, desse direito.
Acredito firmemente que a defesa da democracia passa pela defesa das instituições democráticas. Quem, como eu, conheceu o império do arbítrio, da censura, do autoritarismo, quem combateu uma Ditadura, não tem o direito de menosprezar a importância dessas instituições.
O papel institucional da Câmara Legislativa para a democracia e a cidadania no DF não se confunde com a qualidade dessa representação.
Essa qualidade, salvo as poucas exceções (entre as quais, digo com orgulho, estão meus companheiros do PT), é hoje bem ruim, como vem sendo demonstrado assustadoramente pelos fatos. Mas é aqui que enxergo aquelas lições e oportunidades que não devemos desperdiçar.
É preciso dizer que se o Brasil encontrou seu caminho, com o companheiro Lula, e saberá continuar a trilhá-lo, com a companheira Dilma, Brasília tem alternativa, com o companheiro Agnelo.
Se pudemos construir juntos, entre 2003 e 2006, um mandato de Deputada Distrital do qual, tenho certeza, podemos nos orgulhar, por que abdicarmos da possibilidade de contribuir novamente para que a Câmara Legislativa venha a ser, de fato, a Casa da representação legítima do povo de Brasília, e não o balcão de negócios escusos em que os últimos governos tentaram transformá-la?
O sonho candango da integração nacional e da construção de uma cidade que seja espelho positivo para o País, posto em prática por Juscelino Kubitscheck e por tantos bravos brasileiros e brasileiras, continua em nossas mãos. E não será nos omitindo da luta por uma melhor representação política que tornaremos esse sonho realidade.
Fui candidata em todas as eleições desde que reconquistamos o direito de eleger nossos representantes em Brasília: em 1986, ao Senado; em 1990 e 1994, a Vice-Governadora, mandato que exerci, com muita honra, entre 1995 e 1998; nesse ano fui candidata ao Senado, na tarefa inglória de enfrentar o ícone do poder econômico de então; não vencemos, mas mostramos que a cidade não se curvava dócil às ordens do poder, com os 350 mil votos que tive a honra de receber.
Em 2002, tive a felicidade de receber a confiança de 35 mil brasilienses que me conduziram à maior votação para Deputada Distrital da legislatura 2003/2006. Saí naquele ano da Câmara Legislativa para enfrentar, novamente, numa duríssima missão, o candidato do poder econômico, que pretendia transformar nossa cidade num grande negócio: o ex-governador Arruda. Não tenho nenhum prazer em ver o desmoronamento desse grupo político confirmar os alertas que tentei, na ocasião, transmitir aos eleitores, porque esse desmoronamento quase leva junto tudo o que conquistamos de avanços institucionais democráticos, com muito esforço e dedicação, para Brasília.
Assim, posso dizer, modestamente, mas com a cabeça erguida, que, mais uma vez, Brasília pode contar comigo!
Arlete Sampaio - 28/06 2010
Minha resposta tem várias partes. Todas do mesmo lado: o lado de Brasília. O lado dessa cidade que acolheu a doçura de minha juventude, onde me fiz mulher, médica e lutadora por um Brasil socialmente justo. A cidade a partir da qual exercito meu amor por esse nosso maravilhoso País.
Tenho dito a meus generosos companheiros que a crise institucional que Brasília viveu, apesar da repulsa e desesperança que semeia na sociedade, quanto às suas instituições políticas, traz lições e oportunidades que seria um grave erro não aproveitar.
Hoje, a Câmara Legislativa do Distrito Federal tem uma péssima imagem junto à população. E não é pra menos. O escândalo revelado, no final do ano passado, pela Operação “Caixa de Pandora”, da Polícia Federal, implicou diretamente – com imagens lamentáveis e incontestáveis – três deputados distritais da base arrudista, dois dos quais renunciaram aos mandatos para fugirem da cassação e uma terceira deputada já afastada pela justiça e prestes a sofrer a perda definitiva do mandato.
Outros deputados implicados nas denúncias deverão enfrentar processo por quebra de decoro parlamentar na Casa. A justiça afastou esses deputados do julgamento do processo de cassação do mandato do ex-govenador Arruda.
Diante do monumental esquema de corrupção montado no DF,muitos companheiros passaram a concordar com o Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Gurgel, que propôs a intervenção federal, como o único remédio constitucional para o descalabro da situação.
Defendi, desde o início, que enquanto houvesse uma perspectiva, a menor que fosse, de conseguirmos superar essa crise sem apelar ao remédio amargo da intervenção federal, ela deveria ser tentada.
Muitos me questionaram se não seria melhor apoiar a intervenção. Afinal, a situação era mesmo gravíssima e o Presidente Lula teria todas as condições de conduzir esse processo de forma a reconduzir o DF à normalidade democrática.
O motivo de minha posição é que lutamos muito, desde a ditadura, para conquistar a cidadania plena para o povo de Brasília. Cidadania que se expressasse não apenas na possibilidade de escolhermos diretamente nosso Presidente, mas também nosso Governador e representantes legislativos.
Essa campanha, que tive a honra de integrar, à frente do meu partido, no DF, resultou na conquista, inscrita na Constituição Federal, em 1988, desse direito.
Acredito firmemente que a defesa da democracia passa pela defesa das instituições democráticas. Quem, como eu, conheceu o império do arbítrio, da censura, do autoritarismo, quem combateu uma Ditadura, não tem o direito de menosprezar a importância dessas instituições.
O papel institucional da Câmara Legislativa para a democracia e a cidadania no DF não se confunde com a qualidade dessa representação.
Essa qualidade, salvo as poucas exceções (entre as quais, digo com orgulho, estão meus companheiros do PT), é hoje bem ruim, como vem sendo demonstrado assustadoramente pelos fatos. Mas é aqui que enxergo aquelas lições e oportunidades que não devemos desperdiçar.
É preciso dizer que se o Brasil encontrou seu caminho, com o companheiro Lula, e saberá continuar a trilhá-lo, com a companheira Dilma, Brasília tem alternativa, com o companheiro Agnelo.
Se pudemos construir juntos, entre 2003 e 2006, um mandato de Deputada Distrital do qual, tenho certeza, podemos nos orgulhar, por que abdicarmos da possibilidade de contribuir novamente para que a Câmara Legislativa venha a ser, de fato, a Casa da representação legítima do povo de Brasília, e não o balcão de negócios escusos em que os últimos governos tentaram transformá-la?
O sonho candango da integração nacional e da construção de uma cidade que seja espelho positivo para o País, posto em prática por Juscelino Kubitscheck e por tantos bravos brasileiros e brasileiras, continua em nossas mãos. E não será nos omitindo da luta por uma melhor representação política que tornaremos esse sonho realidade.
Fui candidata em todas as eleições desde que reconquistamos o direito de eleger nossos representantes em Brasília: em 1986, ao Senado; em 1990 e 1994, a Vice-Governadora, mandato que exerci, com muita honra, entre 1995 e 1998; nesse ano fui candidata ao Senado, na tarefa inglória de enfrentar o ícone do poder econômico de então; não vencemos, mas mostramos que a cidade não se curvava dócil às ordens do poder, com os 350 mil votos que tive a honra de receber.
Em 2002, tive a felicidade de receber a confiança de 35 mil brasilienses que me conduziram à maior votação para Deputada Distrital da legislatura 2003/2006. Saí naquele ano da Câmara Legislativa para enfrentar, novamente, numa duríssima missão, o candidato do poder econômico, que pretendia transformar nossa cidade num grande negócio: o ex-governador Arruda. Não tenho nenhum prazer em ver o desmoronamento desse grupo político confirmar os alertas que tentei, na ocasião, transmitir aos eleitores, porque esse desmoronamento quase leva junto tudo o que conquistamos de avanços institucionais democráticos, com muito esforço e dedicação, para Brasília.
Assim, posso dizer, modestamente, mas com a cabeça erguida, que, mais uma vez, Brasília pode contar comigo!
Arlete Sampaio - 28/06 2010
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